quinta-feira, 31 de julho de 2014

A guerra de Israel

A guerra na Faixa de Gaza tem implicâncias bíblicas? De uma trincheira são os sionistas que buscam nas páginas do Antigo Testamento a reivindicação das terras de Israel, de outra, os islâmicos, expulsos da Palestina na criação do estado israelense em 1948. O radicalismo religioso de ambos, interesses políticos e econômicos, e a própria tendência humana pela guerra, tudo isto pode complicar ainda mais a vida no planeta já amargurado na desgraça da degradação ambiental e social. Além disto, um segmento da cristandade interpreta literalmente, de forma política e geográfica, as profecias bíblicas sobre a restauração de Israel, e nesta guerra, pedem orações em favor dos descendentes de Jacó. Uma visão alimentada pela perseguição maciça contra cristãos em muitas nações que seguem o Alcorão junto com o terrorismo dos radicais muçulmanos - a exemplo do Hamas na Faixa de Gaza - que pregam a guerra santa do islamismo e a conversão do mundo inteiro às regras de Maomé.
 Enquanto isto, se Salomão não vai ao monte Sião, o monte Sião vai a Salomão. Aqui no Brasil foi inaugurada uma réplica majestosa, de cair o queixo, do Templo de Salomão. Tudo para revelar ao mundo as bênçãos terrenas da “igreja de Cristo” - outra guerra santa por interesses políticos, econômicos e territoriais. Uma Faixa de Gaza brasileira nesta mistura insana de política e religião na conquista de poder. Por isto o monte de políticos na inauguração deste templo, tudo na conquista de votos no início de uma campanha em que bombas atingem a ética e a verdade.
 “Meu reino não é deste mundo”, respondeu Jesus a Pilatos antes de morrer na cruz pela humanidade.  Territórios, terras, templos, bens materiais, poder político, glórias, prestígios – a história não nega, tudo isto tem começo e tem fim. Assim, o recado de Jesus com endereço: “Onde está o teu coração está o teu tesouro”. Num mundo de guerras, ganância, ódio, violência, orgulho, vaidades, o Evangelho de Cristo permanece com a solução.
   

Pastor Marcos Schmidt
telefone 8162-1824
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
2 de agosto de 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

“Bah, foi mal”

O Edelson foi assassinado friamente com quatro tiros, confundido com outra pessoa. Um engano parecido com o avião derrubado por um míssil na Ucrânia. “Bah, foi mal”, disse o matador ao perceber o “equívoco”. Ele tinha 42 anos e apesar da deficiência e mentalidade de criança, participava ativamente na igreja luterana do bairro Santo Afonso em Novo Hamburgo. Gostava muito de conversar e era estimado por amigos e vizinhos. Semana passada puxou um papo amistoso comigo, a última lembrança que tenho dele. Um dia depois deste crime, o Mateus, filho do meu colega no Paraná, foi baleado sem reagir no centro de Novo Hamburgo, para lhe roubar o celular. Está residindo na cidade há uma semana e já teve uma “boa” recepção.

Qual a saída? Para a família enlutada só resta o conforto daquele que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11.25). Mas não podemos ficar só com as mãos cruzadas em oração. É preciso indignar-se e exigir das autoridades justiça, paz social e proteção. A violência urbana tem várias causas: desestruturação familiar, incapacidade dos governos, impunidade, corrupção etc. No meio disto estão as drogas, o grande agente dos crimes violentos. Os “acertos de conta”, as chacinas e disputas entre traficantes rivais transformaram-se em rotina. E nesta guerra de bandidos somos confundidos e nos tornamos vítimas.

Tem toda a razão o assassino do Edelson: “foi mal”. Foi o pior mal que alguém pode cometer. Por isto o recado bíblico: “O assassino cava muito depressa a sua própria sepultura” (Provérbios 28.17). Mas a Bíblia também recomenda: “Não paguem a ninguém o mal com o mal (...) Deixem que seja Deus quem dê o castigo” (Romanos 12). Aos homicidas, caso queiram escapar do castigo eterno, basta se arrepender e crer no perdão, pois, incrivelmente, até por eles Jesus orou na cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. O que não exclui a devida punição nesta terra de Caim.