Paternidade política
Alguns dias antes de sofrer impeachment na presidência do Paraguai, Fernando Lugo respondeu com ironia que “todos serão bem-vindos”, em referência ao reconhecimento de seu segundo filho e às ações de paternidade movidas por outras duas mulheres. São quatro filhos ou mais, com mulheres diferentes, todos concebidos enquanto ainda cumpria o sacerdócio religioso. Um escândalo moral suficiente para o impedimento no exercício do cargo político. Desta forma, se a saída dele foi ou não um golpe contra os princípios democráticos, isto é irrelevante quando a ética é a base para qualquer governo, made in Paraguai ou made in Brasil.
Estamos em época de campanha política e deveríamos fazer uma análise mais meticulosa na vida pessoal e familiar dos candidatos a prefeito e vereador. Porque, se eles são infiéis na responsabilidade familiar, estarão inclinados em seguir o mesmo caminho na política e na administração dos negócios públicos. Diz a Bíblia que “o bispo deve ser um homem que ninguém possa culpar de nada. Deve ter somente uma esposa, ser moderado, prudente e simples (...) Pois, se alguém não sabe governar a sua própria família, como poderá cuidar da Igreja de Deus?” (1 Timóteo 3.2,5). Se esta regra é fundamental na Igreja, também é nos demais sacerdócios, sobretudo, da política. O motivo da acentuada corrupção nas diversas ordens sociais, políticas e econômicas, tem sim, explicação: a corrupção familiar. Tudo começa em âmbito doméstico.
Neste descaso, em acentuado cinismo os falsos políticos sempre responderão: “todos serão bem-vindos”. Mas, é o povo que precisa reivindicar a paternidade política? Ou são os políticos que devem ir ao encontro de “seus filhos” e garantir-lhes o bem estar? Ao afirmar que “as autoridades estão a serviço de Deus para o bem de você” (Romanos 13.4), o texto sagrado não apenas legitima a função pública, mas, sobretudo delega responsabilidades éticas e morais àqueles que são os pais e as mães do povo.
Por: Marcos Schmidt
pastor luterano