Dias atrás um norte-americano saiu da prisão onde
penou 23 anos por um crime que não cometeu. Ele foi o "bode
expiatório" num tribunal que precisava do culpado para satisfazer a
justiça que o povo exigia. A Sexta-feira Santa tem uma história parecida. Uma turba
de judeus fanáticos influencia o tribunal romano e Pilatos lava as mãos. Mas
Jesus não foi apenas o bode expiatório numa questão jurídica da época. Na
verdade, Jesus desempenhou o sentido exclusivo do termo. Para entender, havia
uma cerimônia no Antigo Testamento onde um bode era colocado diante do
sacerdote, e com as mãos sobre a cabeça do animal, ele confessava os pecados
dele e os do povo para depois o bode ser abandonado no deserto (Levíticos
16.2-22). Nas páginas do Novo Testamento o apóstolo explica o sentido disto:
“Em Cristo não havia pecado. Mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos
pecados” (2 Coríntios 5.21). Também esclarece que estas cerimônias eram apenas
“sombras” mas agora “a realidade é Cristo” (Colossenses 2.17).
O perigo de fazer justiça, custe o que custar, pode
levar à própria injustiça. Por exemplo, todo o cuidado é pouco na busca dos
culpados pelas vítimas no incêndio em Santa Maria. Logicamente é preciso
encontrar os culpados. Mas, e quem vai pagar na conta divina pelos erros e
falhas que eu faço? Quem vai expiar os pecados cometidos diariamente por mim,
iniquidades contra Deus e contra o próximo? A lógica me diz que ninguém, a não
ser eu mesmo, deve pagar pelos erros cometidos por mim. Caso contrário, há
injustiça. Mas aí surge o bode expiatório: Jesus pendurado na cruz. Diz a
Bíblia: "Deus perdoou todos os nossos pecados e anulou a conta da nossa
dívida, com os seus regulamentos que nós éramos obrigados a obedecer. Ele
acabou com essa conta, pregando-a na cruz" (Colossenses 2.14). De fato,
isto não tem lógica nem justiça. Mas isto a própria Bíblia reconhece, que
"a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura". Podemos então
concluir que a maior de todas as injustiça é rejeitar a absolvição oferecida
pelo sacrifício do Filho de Deus na cruz.
Pastor Marcos Schmidt
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