O Edelson foi assassinado friamente com quatro tiros, confundido com outra pessoa. Um engano parecido com o avião derrubado por um míssil na Ucrânia. “Bah, foi mal”, disse o matador ao perceber o “equívoco”. Ele tinha 42 anos e apesar da deficiência e mentalidade de criança, participava ativamente na igreja luterana do bairro Santo Afonso em Novo Hamburgo. Gostava muito de conversar e era estimado por amigos e vizinhos. Semana passada puxou um papo amistoso comigo, a última lembrança que tenho dele. Um dia depois deste crime, o Mateus, filho do meu colega no Paraná, foi baleado sem reagir no centro de Novo Hamburgo, para lhe roubar o celular. Está residindo na cidade há uma semana e já teve uma “boa” recepção.
Qual a saída? Para a família enlutada só resta o conforto daquele que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11.25). Mas não podemos ficar só com as mãos cruzadas em oração. É preciso indignar-se e exigir das autoridades justiça, paz social e proteção. A violência urbana tem várias causas: desestruturação familiar, incapacidade dos governos, impunidade, corrupção etc. No meio disto estão as drogas, o grande agente dos crimes violentos. Os “acertos de conta”, as chacinas e disputas entre traficantes rivais transformaram-se em rotina. E nesta guerra de bandidos somos confundidos e nos tornamos vítimas.
Tem toda a razão o assassino do Edelson: “foi mal”. Foi o pior mal que alguém pode cometer. Por isto o recado bíblico: “O assassino cava muito depressa a sua própria sepultura” (Provérbios 28.17). Mas a Bíblia também recomenda: “Não paguem a ninguém o mal com o mal (...) Deixem que seja Deus quem dê o castigo” (Romanos 12). Aos homicidas, caso queiram escapar do castigo eterno, basta se arrepender e crer no perdão, pois, incrivelmente, até por eles Jesus orou na cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. O que não exclui a devida punição nesta terra de Caim.
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