O advogado de um dos presos na Operação Lava Jato admitiu que sem propina não se faz obra pública no Brasil: "Pode apurar em prefeituras do interior, em uma empreiteirazinha com quatro funcionários. Se ele não fizer acerto, não põe um paralelepípedo no chão". Será assim mesmo, que nada acontece em obras públicas sem desvios de verba? "Todo mundo faz" é a desculpa. É o que se ouve na política, que sem corrupção o esquema não funciona. É o que se ouve no mundo dos negócios, que sem passar a perna nos outros ninguém prospera. É o que se ouve na religião, que sem promessas enganosas ninguém segue a crença. Mas será que não existe outro jeito?
"Propina" vem do grego: pro - a favor, e pinein - beber. Desde os tempos antigos ocultava-se o suborno dizendo que aquelas moedas eram “para beber” alguma coisa. Ninguém mais duvida que a corrupção está bebendo o petróleo e boa parte das riquezas da nação. O que deveria ser para projetos públicos, é desviado aos propósitos de partidos políticos e da ganância de ladrões. As consequências, além desse jeitinho permissivo que acaba com os valores essenciais da sociedade, são as carências na educação, saúde, segurança, enfim, toda a desgraça que assola o país.
Dinheiro que vem fácil vai embora do mesmo jeito. E o castigo de Deus não demora aos desonestos. O "lava jato" é exemplo. O Criador do trabalho honrado não esconde sua revolta: "Eu vou amontoar castigos em cima de vocês" (Amós 2.13), referindo-se a uma situação parecida que vive nosso país. E por que Deus fica tão revoltado? Porque o dinheiro desviado faz muita gente morrer nas filas dos hospitais, nas estradas mal conservadas, na violência de bandidos que não vão para a cadeia, num monte de coisas. A corrupção econômica provoca genocídio igual a uma guerra mundial. É crime de guerra. Ainda é tempo dos desonestos seguirem o exemplo de Zaqueu (Lucas 19) que recebeu delação premiada de Jesus, devolveu todo o dinheiro roubado e a salvação entrou na casa dele.
Marcos Schmidt
marcos.ielb@gmail.com
Pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Novo Hamburgo, 22 de novembro de 2014
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