Bruxas ou Lutero? Permitam-me falar sobre o monge alemão, até
porque para as bruxas está faltando vassoura. Se bem que os dois assuntos se
cruzam nas questões históricas e religiosas - ocultismo com cristianismo - e se
chocam naquele 31 de outubro de 1517. A superstição e o medo assolavam os
corações da Idade Média, e a própria igreja vivia os tempos obscuros de
inquisições e abusos. Por outro lado, lembrar as 95 teses de Lutero contra o
comércio do perdão dos pecados, requer hoje diálogo, respeito e coerência num
ambiente cristão fragmentado, mas com a mesma missão e desafios. Quando Lutero
jogou as teses na internet - a porta do Castelo de Wittenberg - ele não queria
dividir nem reformar. Apenas estava escandalizado. Por isto a tese 24: “Daí
segue-se que a maior parte do povo está sendo enganada por essas promessas
indiscriminadas e liberais de libertação das penas”. Nada diferente destes
tempos quando o povo é ludibriado com promessas de prosperidade e por outras
fraudes. Assim, a tese 27 é atualíssima: “Os que afirmam que uma alma voa
diretamente para fora do purgatório quando uma moeda soa na caixa das coletas,
estão pregando uma invenção humana”.
O erro hoje é valorizar a fachada da igreja e menosprezar o
Evangelho que carrega. E nisto Lutero não vacilou, tanto que nem queria uma
nova igreja, mas uma igreja nova. Ao descobrir que a autêntica religião é
divina, explicou que "a
cristandade verdadeira e essencial consiste no Espírito, e não em alguma coisa
exterior, seja lá como for chamada". Por isto a explicação: "O
Espírito Santo chama, congrega, ilumina e santifica toda a cristandade na
terra, e em Jesus Cristo a conserva na verdadeira e única fé". Ficou
contrariado quando seus seguidores são denominados "luteranos",
argumentando que a igreja não era dele mas de Jesus. Mas a história já estava
escrita. Faltam quatro anos para fechar cinco séculos de um fato que precisa
ser interpretado à sombra da cruz de Cristo.
Pastor Marcos Schmidt
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